Teerã encerra ofensiva após lançar cerca de 300 artefatos, mas tensão persiste Na noite de sábado (13), o Irã lançou um grande ataque contra...
Teerã encerra ofensiva após lançar cerca de 300 artefatos, mas tensão persiste
Na noite de sábado (13), o Irã lançou um grande ataque contra Israel, usando drones e mísseis, em retaliação a um ataque anterior. Embora encerrada, a ofensiva alimenta preocupações globais sobre um conflito amplo na região. Teerã alerta para uma resposta mais severa em caso de nova agressão israelense, enquanto aliados como os EUA fortalecem laços de defesa com o Estado judeu.
Israel estava de prontidão desde que um ataque à embaixada iraniana em Damasco, no dia 1º de abril, matou dois generais iranianos. Teerã culpa o inimigo pela agressão e desde então vinha prometendo uma retaliação, só não havia especificado como o faria. Apostou na alternativa extrema e até então inédita de um ataque direto desde seu território contra o israelense, em vez de apostar em ações de grupos patrocinados, como Houthis ou Hezbollah, ou mesmo em agir contra interesses israelenses no exterior.
“Nos últimos anos, e especialmente nas últimas semanas, Israel tem se preparado para um ataque direto do Irã. Nossos sistemas defensivos estão implantados. Estamos prontos para qualquer cenário, tanto defensivamente quanto ofensivamente. O Estado de Israel é forte. As IDF (Forças de Defesa de Israel, da sigla em inglês) são fortes. O público é forte”, disse após o ataque o primeiro-ministro de Israel Benjamin Netanyahu, segundo a agência Reuters.
Embora tenha disparado centenas de artefatos, que causaram apenas danos reduzidos na infraestrutura de uma base israelense, o Irã trata a ofensiva como um recado e advertiu que uma retaliação israelense, nos moldes do ataque à embaixada, levará a uma ação mais dura. Incluiu também Washington no alerta.
“O assunto pode ser considerado concluído”, disse Teerã em comunicado. “No entanto, se o regime israelenses cometer outro erro, a resposta do Irã será consideravelmente mais severa. É um conflito entre o Irã e o regime israelense desonesto, do qual os EUA ‘DEVEM FICAR LONGE!'”
Aliança fortalecida
A agressão, por sinal, serviu para reaproximar israelenses e norte-americanos, que vinham se distanciando devido à insistência do Estado judeu em persistir com sua ofensiva em Gaza, apesar das vítimas civis e dos apelos globais por um cessar-fogo. Os EUA inclusive ajudaram Israel a conter a agressão, usando suas forças para interceptar alguns dos drones e mísseis disparados.
“O nosso compromisso com a segurança de Israel contra as ameaças do Irã e dos seus representantes é inflexível”, disse o presidente norte-americano Joe Biden, que ainda convocou uma reunião com os países do G7, as maiores economias democráticas do mundo, para coordenar uma resposta diplomática.
De acordo com a CNN, entretanto, uma hipótese foi prontamente descartada em Washington: juntar-se a Israel para um eventual ataque direto ao Irã. Os EUA entendem que os eventos de sábado devem ser encarados como uma vitória pelos israelenses, dada a “notável capacidade de Israel para se defender e derrotar até mesmo ataques sem precedentes.”
Reação internacional
A ONU (Organização das Nações Unidas), que vem se posicionando contra Israel devido à violência em Gaza, condenou “veementemente a grave escalada representada pelo ataque em grande escala lançado esta noite contra Israel pela República Islâmica do Irã”, segundo o secretário-geral António Guterres, com as palavras dele reproduzidas pela Reuters.
O chefe das Nações Unidas ainda se disse “profundamente alarmado com o perigo muito real de uma escalada devastadora em toda a região”. E concluiu: “Exorto todas as partes a exercerem a máxima contenção para evitar qualquer ação que possa levar a grandes confrontos militares em múltiplas frentes no Oriente Médio.”
O Reino Unido, que também forneceu apoio militar para conter a agressão, afirmou, através do premiê Rishi Sunak, que “os ataques correm o risco de inflamar as tensões e desestabilizar a região. O Irã demonstrou mais uma vez que pretende semear o caos no seu próprio quintal.”
Josep Borrell, chefe da diplomacia da União Europeia (UE), foi mais um a condenar “veementemente o inaceitável ataque iraniano contra Israel. Esta é uma escalada sem precedentes e uma grave ameaça à segurança regional.”
O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, seguiu pelo mesmo caminho. “Condenamos veementemente o ataque lançado pelo Irã a Israel. Tudo deve ser feito para evitar uma nova escalada regional. Mais derramamento de sangue deve ser evitado. Continuaremos a acompanhar de perto a situação com os nossos parceiros.”
No Brasil, o Ministério das Relações Exteriores emitiu uma nota na qual disse acompanhar “com grave preocupação” os relatos da ofensiva com “drones e mísseis do Irã em direção a Israel, deixando em alerta países vizinhos como Jordânia e Síria.” No texto, Brasília ainda citou a guerra em Gaza como fator motivador, pediu “máxima contenção” e cobrou uma ação internacional para evitar uma escalada.
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