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O menestrel do caviar e da gasolina azul: homenagem a extravagância brasileira

Juca Chaves com sua amada Iara e as filhas Maria Morena e Maria Clara No final dos anos 70 eu residia na Rua General Ribeiro da Costa no Lem...

Juca Chaves com sua amada Iara e as filhas Maria Morena e Maria Clara

No final dos anos 70 eu residia na Rua General Ribeiro da Costa no Leme - Rio, e um belo dia fui ver junto com minha noiva, a médica então recém-formada Fátima Monte Marques, um espetáculo de Juca Chaves, que hoje deixa a vida aos 84 anos para entrar na história como o mais irreverente profissional da cultura em nosso país.

O referido evento se deu no Golden Room do Copacabana Palace, e ao chegar lá, meio atrasado, o carioca filho de judeus entoava a bela canção "O Brasil já vai à guerra" e em suas mãos elétricas, ele dedilhava uma viola modificada, com a qual ele fez muito sucesso, inclusive na Itália onde morou e tocou Órgão em uma igreja e com sua viola de seis cordas se apresentou até em cabarés. 

Com sua viola de seis cordas - o mestre Chaves, filho de judeus, girou o Brasil e o mundo com muito sucesso!

Voltando ao Copacabana Palace, eu tinha ido ao evento com o objetivo de escrever uma matéria para o Jornal Última Hora, cujo editor de cultura era o exigente jornalista Oséas de Carvalho, irmão do vice da Band Antônio Teles e do jornalista Fernando Carvalho, eterno assessor de imprensa do governador mineiro Newton Cardoso. 

Embora carioca de nascimento, o Menestrel do Brasil era torcedor doente do São Paulo

Por isso, anotamos os principais nomes no show do Jurandyr Czaczkes, o verdadeiro nome do artista falecido, especialmente os nomes do mundo cultural, tais como Ibraim Sued, Jorginho Guinle, descendente do fundador do Hotel centenário; Chico Recarey, o ator Grande Otelo, os cantores Agnaldo Timóteo, Nelson Ned e Cauby Peixoto, além das estrelas Elke Maravilha e Virgínia Lane, entre muitos outros; portanto são mais de quatro décadas que marcam minha entrada de cabeça no jornalismo como foca ( jornalista iniciante) no UH. 

O esposo de dona Yara Chaves, certamente foi um dos maiores críticos de nosso tempo. Ele criticava  de forma muito bem humorada - o seu próprio nariz

Dos nomes citados, incluindo o do editor de cultura do UH, somente eu, minha ex-noiva, Antonio Teles, Newtão, e o espanhol Recarey que estamos vivos. O nome do hospital em que o Menestrel do Brasil faleceu em Salvador no sábado 25/3, é São Rafael. Que o santo judaico nos dê vida longa: a este repórter, a Fátima, Antônio, Newtão e ao Rei da noite do Rio nos anos 80 e receba na eternidade com alegria o nosso Menestrel que foi casado com a hoje viúva Yara Chaves por 48 longos anos. Juca deixa ainda suas filhas adotivas Maria Morena e Maria Clara. 

O Menestrel Jurandyr,  verdadeiro cidadão do mundo, iniciou sua carreira como poeta - desde infante

Lembrando também que o homem que adorava dirigir seu Jaguar pelas ruas de nosso país, principalmente em Salvador onde morava desde 1975. O Juca Chaves foi sem dúvidas o maior crítico do meio cultural: da ditadura militar, do mundo fonográfico, criticava em suas sátiras a própria mídia como poucos, e como libriano ele tinha a capacidade de reunir no mesmo ambiente o Rei e o seu faxineiro colocando-os juntos para ouvir suas músicas, seus recados malcriados para ambos e ao final sentar-se à mesa com o nobre e o plebeu e juntos darem boas gargalhadas e saborearem o melhor caviar.

O Menestrel era também um antipolítico ferrenho, embora satirizando diversos presidentes brasileiros desde JK, este com a música Presidente Bossa Nova, que foi censurada, e Juquinha deu o troco na justiça por meio de um mandado de segurança, tornando se o pioneiro em vencer uma ação daquela natureza. 

Certamente o Brasil sorriu muito, ao ver Jô entrevistar Juca. Este obteve quase 20 mil votos para o Senado na Bahia

Em seguida ele debochou por meio de seu jeitão de humorista do primeiro time mundial - comparecendo sem sapatos a uma audiência com o construtor de Brasília e filho da professora Júlia. Para completar a sátira na área política, no ano de 2006 ele se lançou candidato ao Senado, cujo marqueteiro era ele próprio, quando tirou de sua cartola poesias para fazer propaganda de sua campanha de forma diferenciada, o que culminou com 19 603 votos de baianos de todos os cantos e dando ao Menestrel o honroso quarto lugar. 

Na foto de 2006 no Teatro nacional, os atores da TV Globo: Cosme dos Santos, Jorge Coutinho e Milton Gonçalves. Ao lado do ator global, o alfaiate Vespasiano, a porteira Dejanira e este  jornalista Walter Brito,  ( filho primogênito do casal Vespa e Deja)

Por dupla coincidência, 2006 foi o ano em que homenageei meu pai e minha mãe, ele alfaiate e ela porteira de uma escola em Formosa Goiás, com o lançamento do livro: " Memórias de uma família negra brasileira", quando compareceram ao Teatro Nacional de Brasília cerca de mil pessoas, entre as quais, os meus pais e os meus sete irmãos. 

Juca viveu 84 anos e meu pai Vespasiano também 84 anos. Ambos cumpriram suas missões no Planeta Terra, o Menestrel do Brasil com suas críticas construtivas que ajudaram o Brasil, e o Rei da Agulha Vespasiano, puxando a miudinha (agulha) ao lado da porteira Deja e viram todos os seus filhos, todos negros retintos e assumidos como tal, formados em curso superior. 

Vá com Deus, grande Menestrel do Brasil!

Texto escrito pelo jornalista Walter Brito

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