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Será que o debate político caminha para o mero entretenimento?

Especialista em Comunicação Política alerta sobre a estratégia oculta do viés de disponibilidade no marketing político  A política, mais do ...

Especialista em Comunicação Política alerta sobre a estratégia oculta do viés de disponibilidade no marketing político 

A política, mais do que nunca, é um jogo de percepções. Daniel Kahneman, em seu seminal "Rápido e Devagar: Duas Formas de Pensar", define um fenômeno psicológico que muitos estrategistas políticos conhecem bem: o viés de disponibilidade. Este atalho mental faz com que atribuímos maior importância a informações que vêm facilmente à mente. Mas qual é o impacto disso na política contemporânea?



Imaginemos a história de Ícaro. Movido por um desejo ardente de alcançar o céu, ele ignora o aviso do pai sobre a proximidade perigosa do sol, confiando apenas na sensação inicial de liberdade e sucesso. Assim como Ícaro, os eleitores podem ser levados pela força emocional de imagens positivas e repetidas de políticos nas redes sociais, deixando de lado uma análise mais crítica de suas políticas e competências. O calor do sol, no contexto político, pode ser comparado às complexas realidades e falhas de gestão, que muitas vezes são ofuscadas por estratégias de comunicação bem elaboradas.


As campanhas modernas utilizam o viés de disponibilidade com maestria. Políticos são frequentemente vistos sorrindo, interagindo em eventos ou participando de trends nas redes sociais. Essa exposição constante cria uma memória fácil e positiva na mente dos eleitores, fazendo com que aspectos mais negativos ou complexos simplesmente desapareçam. Essa técnica, enquanto poderosa no curto prazo, levanta questões sobre sua eficácia a longo prazo, especialmente quando confrontada com a dura realidade dos desafios do dia a dia, como saúde pública e educação.


Além disso, o uso excessivo dessa técnica pode reduzir o debate político a mero entretenimento. Quando o humor e a repetição substituem a substância, há o risco de alienar o eleitor, tornando-o mais propenso a julgamentos superficiais. O sorriso frequente de um político nas redes pode facilmente ofuscar suas propostas e ética, criando um eleitorado baseado em percepções emotivas em vez de informações concretas.


O desafio para os políticos é encontrar equilíbrio. Enquanto a modernização da comunicação é essencial para engajar e informar, é vital que isso não ocorra em detrimento da transparência e do conteúdo relevante. A verdadeira liderança política deve inspirar e educar, usando técnicas de comunicação para transmitir decisões informadas e visões de futuro, e não apenas para ganhar curtidas e engajamento fácil.


O viés de disponibilidade é uma ferramenta poderosa, mas como qualquer ferramenta, seu valor depende de como é utilizada. Cabe aos políticos e seus assessores decidirem se desejam apenas surfar na superfície do engajamento digital ou se estão dispostos a mergulhar fundo nas águas mais complexas da governança responsável. Em última análise, é a entrega real, aliada a uma comunicação estratégica e ética, que constituirá uma carreira política sólida, capaz de resistir às intempéries das próximas eleições.



Hellen Quida

Jornalista e professora atuante na área de Comunicação Eleitoral e Marketing Político desde 2000. Hellen trabalhou como Coordenadora de programas de Rádio e TV para horário eleitoral, Assessoria de Imprensa e Coordenação de Gestão de Mídias Sociais em campanhas eleitorais e gestão de mandato.

Também atuou como redatora, repórter, direção de locutores e estrategista. Foi professora na Pós-Graduação da Faculdade Estácio de Sá.


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