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Grupos terroristas estão atentos às políticas do "Novo Governo" e Brasil é visto como porto seguro pelos extremistas

Estado laico é fundamental para manter o Brasil afastado de ameaças extremistas, diz analista Após os EUA anunciarem sanções a membros do Es...

Estado laico é fundamental para manter o Brasil afastado de ameaças extremistas, diz analista
Após os EUA anunciarem sanções a membros do Estado Islâmico (EI) da Somália e ações de um deles no Brasil, analista em inteligência e terrorismo avalia o potencial de risco à segurança nacional

Sanções aplicadas a membros do Estado Islâmico (EI) da Somália pelo Departamento do Tesouro dos EUA, anunciadas no início do mês, revelaram que o egípcio Osama Abdelmongy Abdalla Bakr, um contrabandista de armas classificado como “apoiador vital” do grupo, agiu no Brasil.

Por aqui, ele teria negociado com a embaixada da Coreia do Norte a compra de armas em nome dos extremistas islâmicos. A informação levantou dúvidas quanto às atividades da organização jihadista no país e o tamanho da ameaça que facções terroristas representam para o cidadão brasileiro.

Para entender se a presença de um associado ao EI no Brasil, sendo ele financiador e negociador de armamentos, representa algum risco à segurança brasileira, A Referência conversou com Barbara Krysttal, gestora de Políticas Públicas com Foco em Controle de Defesa Nacional e analista de Inteligência e Antiterrorismo.

“Em princípio, não significa uma ameaça atual, mas potencial, caso o EI venha a ter algum contencioso com o Brasil ou alguma de suas ramificações por aqui. É preciso acompanhar esse associado ao EI, para identificar e de forma preditiva observar cenários de possíveis atuações irregulares”, disse Barbara.

Polícia Federal: Brasil está no mapa do extremismo islâmico (Foto: divulgação)

Segundo ela, o EI possui uma tendência de atacar estruturas com fins comerciais. Porém, sob a justificativa de uma luta contra teocracias cristãs. Sendo um Estado de pluralidade religiosa, apesar da hegemonia dos grupamentos cristãos, teoricamente, isso afastaria os riscos de problemas no Brasil.

“Por isso, é muito importante o Brasil manter uma estrutura laica de forma governamental. Se você se considera um Estado cristão, você gera amigos e inimigos”, observou a analista, acrescentando que há relatos de vários terroristas ligados ao narcotráfico que utilizam o país como refúgio, muitos vivendo em áreas litorâneas.

Barbara também falou sobre a capacidade do sistema financeiro brasileiro em identificar e coibir eventuais transações em dinheiro que tenham como destino outros associados da organização extremista.

“O Brasil possui o controle padrão internacional do Swift, que serve para transferências internacionais através de casas cambiais. Dependendo do volume de dinheiro, é preciso declarar. Logo, ele precisaria estar associado ao banco que fará a transferência, pois toda empresa que presta tal serviço está regularizada no Banco Central, que controla tudo. O Brasil, ao identificar o terrorista, consegue ver as movimentações da conta Swift e seguir o rastro do dinheiro”, explicou.

Banco de talentos

O documento não deixa claro se o terrorista citado ainda vive no Brasil, embora ele tenha nacionalidade brasileira desde junho de 2019 e possua uma empresa em seu nome no país. Além de participar da negociação de compra de armas com Pyongyang, Bakr é acusado de ajudar indivíduos a imigrar e obter emprego em território brasileiro.

E, supondo que essas pessoas estejam vindo para recrutar insurgentes interessados em ingressar no EI, qual seria a principal forma de captar esses novos “talentos”? Barbara abordou a questão.

“Um ponto importante a se levar em conta é o surgimento de novos perfis de recrutadores que não correspondem aos padrões convencionais de militantes. As técnicas de recrutamento também evoluíram e têm tido resultados avassaladores. Outro ponto fundamental está no fato de que os terroristas exploram todas as vulnerabilidades da internet”, disse a especialista.

Segundo ela, o recrutamento se dá principalmente no submundo nocivo da dark web. É lá que os terroristas geralmente são encontrados nas redes ou zonas privadas das redes sociais, conta.

“O Estado Islâmico já recrutou mais de 20 mil jihadistas, de origem de mais de 90 países diferentes. E uma boa porcentagem destes são ocidentais”, explica.

Barbara observa que houve uma evolução do terrorismo no Brasil desde os anos 1980. Fatores sociais e econômicos não são decisivos para que um potencial cooptado tenha interesse e atração pela ideologia, sublinhou a analista.

“A evolução do potencial dos investimentos em produções, propagandas, vídeos e promoções persuasivas dos grupos terroristas está proporcionalmente vinculado a seu sucesso entre os recrutados”, detalha. “Fases de crises, fases de desestabilização e de tensão de Estados e entre Estados também são relevantes no contexto de nascedouros de recrutáveis. O terrorismo está em ampla evidência, e uma grande parcela dos recrutados são crianças e adolescentes“.

Por que isso importa?

Embora ainda seja relevante no cenário extremista global, o EI tem se enfraquecido financeira e militarmente. Em 2017, o exército iraquiano anunciou ter derrotado a organização no país, com a retomada de todos os territórios que ela dominava desde 2014. O grupo, que chegou a controlar um terço do Iraque, hoje mantém apenas células adormecidas que lançam ataques esporádicos, quase sempre focados em agentes do governo. Já as FDS (Forças Democráticas Sírias), uma milícia curda apoiada pelos EUA, anunciaram em 2019 o fim do “califado” criado pela organização extremista na Síria.

Em fevereiro deste ano, o grupo sofreu mais um duro golpe quando o exército norte-americano anunciou ter matado Abu Ibrahim al-Hashimi al-Qurashi, principal líder da facção. Durante uma operação antiterrorismo dos EUA na Síria, ele explodiu uma bomba que carregava junto ao corpo, matando também mulheres e crianças que o acompanhavam. O evento foi semelhante a outro, em 2019, que terminou com a morte do líder anterior da organização extremista, Abu Bakr al-Baghdadi.

De acordo com um relatório do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) publicado em fevereiro de 2022, as perdas territoriais e de pessoal transformaram o EI, que antes controlava boas partes da Síria e do Iraque, em “uma insurgência principalmente rural, resistindo à pressão antiterrorista sustentada pelas forças da região”.

A pandemia também continua a ser um desafio, pois impede as “viagens transfronteiriças, diminuindo as ameaças decorrentes de fluxos de combatentes em zonas de conflito e viagens terroristas mais amplas em zonas de não conflito”. Por outro lado, a estagnação do terrorismo em meio à onda de Covid-19 aumenta as “oportunidades de recrutamento e radicalização online”, criando a perspectiva de uma retomada futura das ações extremistas globais.

Outro risco que o grupo oferece é a presença de milhares de ex-combatentes em prisões e campos de deslocados em várias partes do mundo. Devolvê-los a seus países de origem e processá-los judicialmente é um desafio para os Estados-Membros da ONU, e os estabelecimentos que abrigam os extremistas são um potencial alvo de ataques para o EI. Exatamente como ocorreu na prisão de Ghwayran, na cidade de al-Hasakah, na Síria, invadida pelo grupo com a meta de libertar seguidores.

“Devido à capacidade severamente degradada, a sobrevivência futura do EI depende de sua capacidade de reabastecer as fileiras por meio de tentativas mal concebidas, como o ataque a Hasakah”, afirmou o major-general norte-americano John W. Brennan Jr., comandante da força de coalização liderada pelos EUA para combater o EI. Segundo ele, a ação na prisão síria gerou enorme prejuízo ao grupo terrorista, que “sentenciou à morte muitos dos seus que participaram deste ataque”.

Atualmente, o principal reduto do EI é o continente africano, onde consegue se manter relevante graças ao recrutamento online e à ação de grupos afiliados regionais. A expansão do grupo em muitas regiões da África desde o início de 2021 é alarmante e pode marcar sua retomada de força. No Sudeste Asiático, ao contrário, os países da região têm obtido sucesso significativo em interromper o terrorismo de facções afiliadas.

No Brasil

Episódios recentes mostram que o Brasil é visto como porto seguro pelos extremistas. Em dezembro de 2013, levantamento do site The Brazil Business indicava a presença de ao menos sete organizações terroristas no Brasil: Al-Qaeda, Jihad Media Battalion, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica, Al-Gama’a Al-Islamiyya e Grupo Combatente Islâmico Marroquino.

Em 2001, uma investigação da revista VEJA mostrou que 20 membros terroristas de Al-Qaeda, Hamas e Hezbollah viviam no país, disseminando propaganda terrorista, coletando dinheiro, recrutando novos membros e planejando atos violentos.

Em 2016, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio, a PF prendeu um grupo jihadista islâmico que planejava atentados semelhantes aos dos Jogos de Munique em 1972. Dez suspeitos de serem aliados ao Estado Islâmico foram presos e dois fugiram.

Mais recentemente, em dezembro de 2021, três cidadãos estrangeiros que vivem no Brasil foram adicionados à lista de sanções do Tesouro Norte-americano. Eles são acusados de contribuir para o financiamento da Al-Qaeda, tendo inclusive mantido contato com figuras importantes do grupo terrorista.

Para o tenente-coronel do Exército Brasileiro André Soares, ex-agente da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), os recentes anúncios do Tesouro causam “preocupação enorme”, vez que confirmam a presença do país no mapa das organizações terroristas islâmicas.

“A possibilidade de atentados terroristas em solo brasileiro, perpetrados não apenas por grupos extremistas islâmicos, mas também pelo terrorismo internacional, é real”, diz Soares, mestre em operações militares e autor do livro “Ex-Agente Abre a Caixa-Preta da Abin” (editora Escrituras). “O Estado e a sociedade brasileira estão completamente vulneráveis a atentados terroristas internacionais e inclusive domésticos, exatamente em razão da total disfuncionalidade e do colapso da atual estrutura de Inteligência de Estado vigente no país”. 

FONTE: AREFERENCIA.COM | EDIÇÃO: REDAÇÃO GRUPO M4

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