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"Alerta Vermelho: Contrato Brasileiro com Kaspersky Põe Segurança Nacional em Xeque"

Enquanto os EUA banem o uso da empresa russa em sistemas governamentais, Brasil renova contrato com ela, aumentando os temores de vulnerabil...

Enquanto os EUA banem o uso da empresa russa em sistemas governamentais, Brasil renova contrato com ela, aumentando os temores de vulnerabilidades cibernéticas."


O recente acordo entre o Ministério da Defesa do Brasil e a empresa russa Kaspersky Lab tem levantado preocupações sobre a integridade das informações confidenciais das Forças Armadas brasileiras. Com validade renovada em meio a tensões globais e já sob o olhar crítico de analistas internacionais, esta parceria coloca em debate os riscos e implicações para a segurança cibernética do país. Enquanto alguns veem avanço tecnológico, outros enxergam potenciais brechas que podem comprometer a defesa nacional.

Por Paulo Tescarolo

Em setembro de 2017, a empresa russa Kaspersky Lab anunciou um acordo com o Ministério da Defesa do Brasil para fornecer soluções de segurança digital às Forças Armadas brasileiras. Segundo o jornal Folha de S. Paulo, o contrato tinha validade de três anos, totalizava R$ 8,4 milhões e previa que Exército, Marinha e Aeronáutica usassem o antivírus corporativo da companhia. A parceria, entretanto, não é vista com bons olhos por especialistas, que alertam para os riscos que ela representa à segurança nacional.

A questão foi citada em relatório divulgado na semana passada pelo think tank Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS, na sigla em inglês), com sede em Washington. Embora focado na influência crescente da China na América Latina, o documento destaca a presença da Kaspersky Lab no sistema das Forças Armadas brasileiras e relata que o acordo foi renovado recentemente.

“Os militares brasileiros renovaram seu contrato com a empresa russa Kaspersky Lab para fornecer serviços de segurança cibernética no verão (do hemisfério norte) de 2022, enquanto a guerra na Ucrânia estava em andamento e no momento em que a empresa era considerada um risco à segurança nacional pela Comissão Federal de Comunicações dos EUA (FCC, na sigla em inglês)”, diz o documento.

Para entender melhor o tamanho da ameaça que a situação pode representar ao Brasil, A Referência conversou com exclusividade com Ryan C. Berg, um dos autores do relatório. Diretor do Programa das Américas do CSIS, ele é especialista nas relações EUA-América Latina, em regimes autoritários, conflitos armados, competição estratégica e questões comerciais e de desenvolvimento.

Militares do Exército brasileiro: sistemas ao alcance de Moscou (Foto: facebook.com/exercito)

Berg, que já viveu no Brasil, afirma que os sistemas digitais brasileiros podem estar ao alcance do Kremlin devido à parceira. “Existe um alto risco de que a presença da Kaspersky nos sistemas das Forças Armadas brasileiras coloque informações confidenciais em perigo”, disse. “Embora não esteja claro quais serviços exatos a Kaspersky fornece aos militares brasileiros, a proposta inicial afirmava que 120 mil computadores seriam instalados com software Kaspersky.”

Ao justificar sua advertência, ele destaca o aumento da pressão imposta por Moscou à iniciativa privada durante a guerra, inclusive com ativos de empresas estrangeiras confiscados porque suas nações de origem apoiam a Ucrânia. Mesmo companhias russas estão ameaçadas.

“Há poucas salvaguardas contra o risco de o governo russo exigir que a Kaspersky entregue dados que armazena sobre ‘segurança nacional'”, diz Berg. “As informações que a Kaspersky seria capaz de fornecer, no entanto, dependeriam dos tipos de serviços e software que a empresa forneceu às Forças Armadas brasileiras. Mas é provavelmente bastante substancial, dados os mais de seis anos de trabalho da Kaspersky para as Forças Armadas brasileiras.”

Foi justamente esse tipo de ameaça que levou a FCC a proibir, em março de 2022, a presença da Kaspersky em sistemas governamentais norte-americanos. Em comunicado divulgado à época, o órgão equiparou o risco representado pela empresa russa ao de duas companhias chinesas: China Telecom Americas Corp. e China Mobile International USA Inc..

Jessica Rosenworcel, presidente da FCC, disse na ocasião que os “equipamentos e serviços de comunicação” dessas empresas “representam um risco inaceitável para a segurança nacional.”

O caso da Huawei


De acordo com Berg, a situação guarda certa semelhança com a da chinesa Huawei, alvo de escrutínio global devido ao temor de que seja forçada pelo governo da China a fornecer-lhe eventuais informações de parceiros, sob a justificativa da segurança nacional.

No Brasil, a Huawei “possui pelo menos cinco data centers em nuvem regionais completos no Brasil, o maior número de qualquer país latino-americano”, segundo o analista.

Também são da empresa chinesa mais de 80% das antenas que retransmitem sinal das atuais redes 2G, 3G e 4G brasileiras. Em conteúdo patrocinado publicado em veículos como O Globo em maio de 2021, a companhia dizia ser responsável por mais de cem mil quilômetros de fibra ótica no país.

A Huawei também conseguiu garantir presença na rede 5G brasileira, o que levou o governo federal, sob a gestão de Jair Bolsonaro, a se precaver contra eventuais brechas de segurança. Assim, criou uma rede 5G governamental exclusiva, sem a presença de infraestrutura chinesa.

Berg afirma que os casos da Kaspersky e da Huawei “partilham grandes semelhanças na ilustração dos riscos que os países enfrentam ao contratarem infraestruturas críticas de Estados autoritários.”

Ele ressalta, porém, que o “envolvimento da Kaspersky parece ter sido limitado ao software, e não à construção de infraestrutura física para as Forças Armadas brasileiras. Isto não significa necessariamente que represente menos risco de segurança, mas é uma distinção importante a considerar ao tentar traçar paralelos.”

A Referência entrou em contato com o Ministério da Defesa e com a Kaspersky para abordar a questão, mas não obteve retorno até o fechamento da matéria. Caso se manifestem, o texto será atualizado.

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